Fazer a leitura do livro
Polegarzinha de Michel Serres (2013) mês fez passear por todas as
discussões que tivemos desde que iniciei meus comentários neste
blogue, pois esta obra rememora pontos discutidos, mas não
esgotados, dada a complexidade e extensão dos temas. Inserindo uma
personagem em sua obra com o nome de “ Polegarzinha”, o autor
discute as transformações que o mundo vem sofrendo, lumpesinado
pelo desenvolvimento e inserção de novas tecnologias ao longo da
história e os impactos no comportamento dos indivíduos constituídos
socialmente.
Pude perceber que a personagem
Polegarzinha, para o autor, seria o novo Sujeito inaugurado pelo
mundo tecnológico, Sujeito que contrasta com os hábitos e fazeres
tradicionais de um mundo linear. Isso me fez lembrar dos jovens nos
dias de hoje, bem como olhar um pouco para mim mesmo, levando em
consideração que eu sou de uma geração que transitou entre o fim
do mundo analógico para o incio da era digital; me colocando em dois
contextos, mas preservando muito da linearidade do mundo tradicional,
eu confesso.
Na posição de profissional da
educação procuro observar meus alunos e alunas e procuro também
compreendê-los dentro de seu contexto, mas de início, assim como
meus colegas de profissão, logo o estranhamento a seus
comportamentos me abate fortemente. As incompreensões e
questionamentos de: porque determinado comportamento?, porque
determinada fala?, porque tanto apego a esse celular… a essa rede
social?, por quê…?. Mas em seguida, reflito também, que eles
fazem parte de uma geração que vem se formando sob base sociais
diferentes da minha e percebo que meu compramento, quando tive a
idade deles, já foi questionada pelos adultos da minha época.
Tive contato com as tecnologias
digitais apenas na década passada, já adulto. No entanto, considero
que aprendi de maneira rápida a “mexer no computador”, pois
aprendi inclusive a fazer reparos simples como formatar, configurar
máquinas, instalar e desinstalar programas, em fim, aprendi isso
fazendo, mexendo, sendo curioso. O que de certa forma me colocaria em
pé de igualdade com os adolescentes e crianças de hoje; mas não,
não mesmo. O apego que a geração de hoje demonstra ter pelo mundo
digital, a velocidade com que eles mudam de característica, de jogo,
de brinquedo, de pensamento, etc., é bem diferente do modo como eu
encaro a vida, pois não consigo lidar satisfatoriamente com mudanças
bruscas e opto, muitas vezes, pelo não movimento.
Portanto, dentre os muitos temas
que o livro de Michel Serres trás, o que mais me marcou foi a
discussão do encontro entre gerações. Claro que em todos os
momentos da história temos encontro de gerações, o elemento novo
na contemporaneidade diz respeito à inserção muito rápida de
tecnologias que surgem o tempo todo e que não damos conta, muitas
vezes, de acompanhar tal desenvolvimento; o que acarreta, também
bruscamente, um desenrolar social em constante mutação, causando
choques de realidade cada vez mais constantes e relações cada vez
mais inconstantes.
Assim, refletindo sobre o
ambiente escolar, tal encontro de gerações, como bem apresentado no
livro, explica um pouco porque a escola continua distante da
realidade de nossos alunos e alunas. Nossos profissionais adultos,
muitas vezes, são de um contexto social que se desligou bruscamente
do contexto atual, fazendo com que linearidade do ensino oferecido
não coadune com o modo de aprender de nossas crianças e jovens de
hoje. O advento tecnológico e digital aciona áreas distintas do
cérebro que outrora não acionava, o que nos coloca, enquanto
profissionais da educação, com um grande questionamento que parece
simples, mas necessário: como fazer educação escolar nos dias de
hoje? Considero esta como uma questão de necessária discussão,
tanto no âmbito das práticas pedagógicas, quanto nas políticas
educacionais, passando por temas que estão relacionados com tais
questões como formação de professores, estrutura escolar e etc.
Referência

