A discussão sobre o Marco Civil
da Internet me colocou diante, novamente, das discussões sobre
software livre, bem como sobre a relevância de tal entendimento para
a educação escolar. Como mostrado no textos dos professores Nelsom
de Luca Pretto e Maria Helena Bonilla (2014), o Marco Civil da
Internet se caracterizou como um desafio no âmbito das políticas
publicas, fruto de discussões que representaram um avanço do ponto
de vista da institucionalização do uso da internet no Brasil, mas
que inspira grande atenção, sobretudo por quem defende uma internet
livre de interesses empresariais que objetivam lucrar de maneira
predatória com este serviço.
Posto isso, compreendo o Marco
Civil da Internet como um avanço no campo das políticas públicas
voltadas para o uso de tecnologias digitais, apresentando-se a partir
de um posicionamento filosófico, quando encarado como um recurso
livre das limitações que o mundo capitalista tenta impor como regra
socialmente constituída. Porém, é importante lembrar que as
ameaças ao uso da internet ainda são muito claras, conforme fica
explícito no texto dos professores Pretto e Bonilla (2014), uma vez
que sua aprovação pelo congresso nacional tencionou grandes
discussões motivadas por interesses hegemônicos e culminou numa
brecha para que a internet seja entregue para inciativa privada.
É importante destacar que o uso
da internet, em certo nível, já sofre forte interferência do setor
privado, a partir da limitação do acesso pela via da velocidade,
onde quem pode pagar mais tem uma internet de maior qualidade e mais
veloz. Além disso, a venda de pacotes de internet vem crescendo e
encantando muitas pessoas, pela velocidade do serviço oferecida e
pelas facilidades de compra desses pacotes que, via de regra, pode
ser feito em qualquer momento e por várias vias, bastando ter um
smartfone sem a necessidade de estar conectado a internet, sendo
suficiente uma ligação grátis para a operadora fornecedora para
que o serviço seja disponibilizado.
Trazendo essa discussão para a
educação escolar é necessário atentarmos para as possibilidades
do uso das tecnologias digitais na escola, levando em consideração
seu caráter de ressignificar práticas pedagógicas, uma vez que o
uso da internet na escola encontra algumas barreiras dificultam o seu
acesso neste espaço. Além da falta de políticas públicas voltadas
para esta questão, temos o fator cultural na escolas que buscam, por
parte dos profissionais da educação sobretudo, limitar o acesso a
este recurso por compreendê-lo, muitas vezes, como um inimigo do
processo de ensino aprendizagem. Esta realidade se dá, em grande
parte, também pela falta de formação direcionada aos profissionais
de educação que não raro reproduzem na escola as relações
sociais que são construídas fora e dentro da escola, que tem como
base um dos entendimentos de acreditar no desenvolvimento tecnológico
como um mal contemporâneo que veio destruir a relações sócias
tradicionais.
Referência
PRETTO,
Nelson; BONILLA, Maria Helena. O
Marco Civil da Internet: desafios para a educação (Artigo
apresentado no EPENN 2014 - Trabalho encomendado para o GT 16 -
Educação e Comunicação)

A escola (professores e alunos) necessitam de formação para entender o que está em jogo hoje, com as sucessivas tentativas de derrubada do Marco Civil da Internet - sem ele, pouca coisa poderá ser feito nas escolas envolvendo as TIC
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