Os
conceitos apresentados no texto “inclusão Digital: ambiguidades em
curso” de Bonilla e Oliveira (2011), bem como as discussões
apresentadas me levou a pensar sobre minhas experiências enquanto
profissional da educação básica, que acompanhou um pouco da
implantação dos Proinfos em alguns municípios e das discussões
que muitas vezes travávamos nas escolas em que passei sobre o uso de
tecnologias digitais na sala de aula. Quase sempre as discussões que
realizávamos eram permeadas de um entendimento do uso de tais
tecnologias como ferramenta, sem um entendimento claro de seu uso
pedagógico e muito menos das redes sociais como recuso didático.
Como
exposto no texto, os termos exclusão e inclusão digital carregam
ambiguidades e margens a interpretações muitas vezes equivocadas
sobre sua função social. Uma dela diz respeito a crença ingênua
de que o uso do computador como ferramenta possibilitaria dar aos
sujeitos que não tem acesso as tecnologias, amplas condições para
que acendessem culturalmente, estabelecendo, inclusive, um padrão
cultural a ser alcançado. Entendimento este, como citado no texto,
fruto uma concepção compensatória, em que o uso das tecnologias
supriria as carências produzidas pelas condições de pobreza.
Considero
a visão compensatória, sobretudo quando me refiro a educação
escolar, uma das mais difundidas no meio, permeando o imaginário de
vários profissionais da educação básica inclusive. Pensando
nisso, trouxe no início de minha fala um breve relato sobre minha
experiência profissional, entendendo que tal experiência se insere
no contexto da educação compensatória reproduzida no espaço
escolar ao entendermos de maneira ingênua que o uso ferramental do
computador seria suficiente.
Outro
aspecto importante apresentado no texto diz respeito ao acesso
limitado ao mundo digital nos Proinfos. Lembro que entre as
experiências que presenciei, com a implantação de salas de
informática na escola, umas das discussões era limitar o acesso de
estudantes a determinados sites, sobretudo a redes sociais, uma vez
que havia a compreensão que tais sites não eram educativos. Eu me
refiro a situações ocorridas a seis ou sete anos atrás, porém
este é um contexto ainda muito presente na atualidade; o que
demonstra a necessidade de formação continuada com bases
ideológicas diferentes das propagadas pelas políticas de inclusão
digital no Brasil.
Já
discuti em outras postagens o uso pedagógico das tecnologias no
ambiente escolar, que não deve ser encarada como ferramenta, mas
como subsídio ao processo de ensino e aprendizagem na sala de aula,
utilizando sim redes sociais e outras plataformas digitais como
mecanismos que propiciem uma prática pedagógica significativa.
Assim como proporcionar o letramento digital como forma de produção
e reprodução de conhecimentos e desenvolvimento tecnológico na
escola.
Referências
BONILLA,
Maria Helena; OLIVEIRA, Paulo Cezar. Inclusão digital: ambiguidades
em curso. In: BONILLA, Maria Helena; PRETTO, Nelson De Luca
(org.).
Inclusão
digital: polêmica contemporânea. Salvador: Edufba, 2011,
pp.23-48.


O tema da inclusão digital só chegou às políticas de educação em 2007 com a a reformulação do Proinfo, mas ainda assim como possibilidade de abrir os laboratórios das escolas para a comunidade, preservando o famoso uso pedagógico das TIC na prática escolar. Isso manteve a dicotomia entre uso pedagógico e uso social, que ainda não conseguimos superar...
ResponderExcluirAgora também fica muito estranho para mim falar de inclusão digital, já que agora entendo melhor toda a carga semiótica que tem.
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