SANTAELLA, Lucia. Culturas
e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus,
2003. P. 77-113.
Ao ler este texto
logo em seu título me vem uma inquietação com a utilização do termo “Pós-humanos”.
Será que estaríamos nós, seres humanos, sendo fragilizados diante da chamada cultura
pós moderna e seu aparato tecnológico e científico, ou até mesmo sendo
superados por uma avalanche de sistemas e equipamentos cada vez menores? Esta,
sem dúvida, surge como uma questão profundamente inquietante e sem uma resposta
ainda segura. Se bem que segurança em tempos de tanta incerteza seria um luxo
que provavelmente a humanidade não conseguisse suportar diante de uma vida tão
acelerada.
Nesse sentido, é
interessante notar como a autora, Lucia Santaella, traça uma linha cronológica
da passagem de uma tecnologia para outra, possibilitando uma reflexão sobre os
desdobramentos sociais acerca de tal passagem. A cultura de mídia e a cibercultura,
enquanto dois momentos recentes de nossa história, produziu e produz fortes
influências no modo de pensar e no comportamento dos indivíduos constituídos socialmente.
A cultua de mídia ou
cultura de massa, sem dúvida, causou e de certa maneira ainda causa um forte
impacto no modo como os indivíduos se comportam e pensam. E foi na mídia televisiva
que a cultura de massa encontra seu apogeu, lançando mão de recursos diversos
de entretenimento, fazendo uso das diversas área do conhecimento, como a psicologia
e a sociologia por exemplo, enquanto instrumentos de aprofundamento e inserção
quase que hipnótica de sua programação nos lares de milhões de telespectadores.
Pensando nisso, seria interessante refletir como os mecanismos midiáticos,
sobretudo em países “periféricos” onde a educação ainda não é tida como
prioridade, penetram nos lares sobrecarregada de informações que passam a ideia
de neutralidade, mas que na realidade tem como objetivo transmitir uma ideia de
mundo alicerçada no capitalismo predatório.
A tônica dessa mídia
quase sempre tem se concentrado na formação do sujeito voltado para o consumo
de bens e serviços, assim como para a afirmação ou aceitação tácita de certo
discurso político ou ideia de mundo que favoreça grupos e corporações com
grande inserção no mundo capitalista, o que nos leva a compreender, mas não
aceitar, que “quem manda no jogo” ainda é o grande capital, personificado nas
grandes corporações e seu empresariado.
Porém, a mídia
televisiva encontra-se abalada com o desenvolvimento da internet que se
apresenta como algo capaz de transpor o monopólio de informações, permitindo o
transito livre de visões diferenciadas visões de mundo. Considero muito
interessante a discussão feita por Santaella em torno do desenvolvimento da
cibercultura e como seu desenvolvimento se deu a partir da inquietação de estudantes
e pesquisadores universitários de produzir ferramentas potencializadoras do uso
de computadores enquanto extensões do humano para facilitar a comunicação e
manuseio do computador. Interessante também, perceber que a cibercultura,
auxiliada por uma cultura digitalizada, cria ciberespaços capazes de
estabelecer uma conexão extensiva entre o ser humano e a máquina
(computadores), interconectados em rede, em que as informações circulam em grande
quantidade e numa velocidade assustadora.
Estes espaços tem
produzido efeitos profundos no modo como as pessoas se inter-relacionam e no
modo como se relacionam com as informações que circulam nesse ambiente. A
leitura de uma notícia não pode mais ser acompanhada com um aprofundamento e
complexa compreensão do escrito, assim como interatividade disponível nesse espaço,
via de regra, tem que facilitar o rápido entendimento a partir de textos curtos
e uma gama de imagens e links que estimule o “passeio” quase que superficial
pelo ciberespaço, denominado de hipertexto. Algo em comum que estes espaços
guardam em relação as mídias de massa está no poder de persuasão quase que hipnótico,
com um aspecto diferenciador que é a capacidade de criar percepções, ideias e visões
de mundo que transcendem a realidade.
Neste aspecto, a mídia
televisiva enxerga sua hegemonia sendo pulverizada pelos ciberespaços,
impulsionada por uma geração cada vez mais conectada e dependente de tal
tecnologia. No entanto, refletindo sobre a origem do surgimento da cibercultura
discutido por Santaella, acredito que seja importante que o ciberespaço possa
ser vislumbrado ou utilizado como um meio de melhorar as relações humanas,
ampliando sua capacidade de comunicação, bem como fomentando a capacidade
criativa de desenvolver tecnologia que auxilie interações mais humanizadas. Talvez
falte a mim mais maturidade para compreender profundamente os reverberes desse
mundo novo ou de vislumbrar um futuro em que os ambientes digitais/virtuais não
prescinda o ser humano, mas por hora essa me parece ser uma opinião mais palpável.
Leonardo me gustó el lenguaje que utilizó para dialogar con el texto de Santaella. Me llamó mucho la atención cuando usted llama "hipnótico" a ese poder de persuasión que ejercen los medios de comunicación y a la vez usted trae a discusión la importancia de entender la tecnología como una dinámica de producción de cultura y de interacciones más humanizadas.
ResponderExcluirRealmente Leonardo, os hipertextos não permitem aquilo que entendemos por aprofundamento do escrito, ou seja um aprofundamento vertical nas ideias. No entanto, permite um outro tipo de aprofundamente, o horizontal, que diz respeito ao estabelecimento de relações entre ideias e fatos, e isto é tão importante quanto o aprofundamento vertical. A questão é não excluirmos nenhuma das duas abordagens...
ResponderExcluirmuito importante a liberdade de expressão que a web 2.0 nos dá. Infelizmente a perspectiva da cultura das massas ainda é muito forte, mas, acredito que, com a "cabeça" das novas gerações isso gradativamente está mudando.
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